O nono UK Congress of Obesity (UKCO), realizado nos dias 24 e 25 de setembro de 2024, em Oxford, Reino Unido, trouxe à tona avanços e desafios na prevenção e manejo da obesidade sob o tema “Quebrando Barreiras: Moldando o Futuro da Prevenção e Tratamento da Obesidade”.
Comunicação e experiência dos pacientes |
A primeira sessão plenária destacou a importância da linguagem e da comunicação eficaz na interação entre profissionais de saúde e pacientes com obesidade. Pesquisas indicaram que a forma como o peso é abordado pode impactar diretamente os resultados, como adesão ao tratamento e perda de peso.
Recursos como o guia Language Matters (em atualização) e um manual de como abordar o peso, desenvolvido com o Public Health England, foram apresentados como ferramentas valiosas.
Uma coleção de poemas e artes, intitulada Hello Doctor, ilustrou experiências de pessoas vivendo com obesidade e sua interação com profissionais de saúde, enfatizando o respeito e a dignidade no cuidado.
Avanços em farmacoterapias para obesidade |
Tirzepatida: Apresentada como uma terapia emergente, é um agonista duplo de GIP e GLP-1 que demonstrou redução de peso superior a 20% em cerca de um terço dos pacientes no estudo SURMOUNT-1.
Terapias hormonais emergentes (NUSH): Incluem agonistas do glucagon, amilina e peptídeo-YY. Destaque para o retatrutida, que mostrou redução média de 24,2% no peso em 48 semanas, e o bimagrumaba, que reduziu 20,5% da massa de gordura total enquanto aumentava 3,6% a massa muscular em pacientes com diabetes tipo 2.
Dieta e doença hepática |
Um ensaio clínico liderado pelo Dr. Dimitrios Koutoukidis avaliou dietas de restrição energética em pacientes com cirrose compensada devido à doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica. Os resultados preliminares mostraram redução de peso, inflamação hepática e esteatose sem eventos adversos graves, sugerindo segurança e eficácia.
Desafios no acesso a tratamentos |
O aumento da demanda por análogos de GLP-1 tem superado a oferta, levando à limitação de prescrições no Reino Unido, conforme alerta de segurança nacional.
Apenas 44% da população britânica têm acesso a serviços especializados, com tempos de espera de 2 a 5 anos.
Propostas de priorização e introdução gradual de novas terapias, como o tirzepatida, foram apresentadas, mas questões sobre impacto em pacientes, custos e integração com outras intervenções (como cirurgia bariátrica) ainda precisam ser resolvidas.
Conclusão |
O UKCO 2024 destacou inovações terapêuticas e a necessidade de estratégias baseadas em evidências para melhorar o manejo da obesidade. Apesar dos avanços, desafios relacionados ao acesso equitativo, custos e desenvolvimento de vias clínicas continuam sendo barreiras críticas a serem superadas.