Um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado

Efeito do óleo de semente de abóbora no crescimento do cabelo em homens com alopecia androgenética

Foi realizado um estudo randomizado, duplo-cego e controlado para investigar a eficácia e tolerabilidade do óleo de semente de abóbora em pacientes com alopecia androgenética

Introdução

A alopecia androgenética (AGA) é a causa mais prevalente de queda de cabelo em homens, afetando cerca de 70% deles, especialmente os com mais de 50 anos. Nesta condição, os folículos capilares gradualmente diminuem de tamanho e passam menos tempo na fase ativa de crescimento do cabelo (fase anágena), permanecendo por mais tempo na fase de repouso (fase telógena).

Atualmente, muitos produtos naturais estão sendo estudados como possíveis tratamentos para a condição. Algumas substâncias, como o chá verde e o Saw Palmetto, mostraram potencial terapêutico para o tratamento tanto da AGA quanto da hiperplasia prostática benigna (HPB) através da inibição da enzima 5 α-redutase. O óleo de semente de abóbora (PSO) também foi relatado como um tratamento eficaz para sintomas de HPB. Sugeriu-se que sua eficácia se deva aos seus fitoesteróis, conhecidos por inibir a mesma enzima.

Por isso, Cho e colegas (2014) realizaram um estudo com o objetivo de investigar se a eficácia e a segurança do PSO para estimular o crescimento capilar em pacientes do sexo masculino com AGA leve a moderada.

Métodos

Realizaram um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado que envolveu 76 participantes, divididos em dois grupos: o de intervenção (n=37), que recebeu 400mg de PSO diariamente em cápsulas, e o controle (n=39), que recebeu um placebo. Ambos tomaram duas cápsulas (100mg cada) 30 minutos antes do café da manhã e do jantar, totalizando 4 cápsulas por dia, ao longo de 24 semanas. Durante o estudo, cinco participantes do grupo de intervenção e sete do controle abandonaram o acompanhamento. A adesão e a segurança foram avaliadas em cada visita clínica, realizadas após 1, 4 e 12 semanas de tratamento, sendo a primeira medida por meio da contagem de comprimidos. Eventos adversos foram registrados durante todo o período de estudo.

Adicionalmente, fotografias do vértice e do couro cabeludo frontal superior de cada paciente foram tiradas no início do estudo e após 24 semanas de tratamento, utilizando uma técnica padronizada.

Resultados

No estudo, os participantes demonstraram alta adesão, tomando mais de 95% dos suplementos. Após 12 semanas, não foram encontradas diferenças notáveis entre os grupos em relação à autoavaliação da melhoria (P = 0,514) ou satisfação (P = 0,214) com o crescimento capilar. Contudo, após 24 semanas, os participantes do grupo de intervenção relataram uma melhoria autoavaliada maior em comparação com o controle (3,4 ± 2,9 versus 2,1 ± 2,0, média ± DP), com diferença estatisticamente significativa. Além disso, as pontuações de satisfação autoavaliada também foram significantemente diferentes entre os grupos às 24 semanas (3,5 ± 2,9 no grupo de intervenção versus 2,3 ± 2,0 no grupo de controle, P = 0,003).

Segundo as avaliações cegas dos investigadores, o tratamento com PSO foi superior ao placebo em termos de crescimento capilar tanto às 12 quanto às 24 semanas (P <0,001 em todas as comparações). Notavelmente, no grupo de controle, não foi observada melhoria inicial durante as primeiras 12 semanas, com o crescimento capilar estabilizando nas semanas subsequentes. Às 24 semanas, 2,7% (1/37) dos participantes do grupo de intervenção foram avaliados como tendo piorado, enquanto 51,4% (19/37) permaneceram inalterados em relação ao estado basal e 44,1% (17/37) apresentaram melhora leve a moderada. Por outro lado, no grupo de controle, 28,2% (11/39) dos participantes foram avaliados como piorados, 64,1% (25/39) permaneceram inalterados e apenas 7,7% (3/39) mostraram melhora leve a moderada. Esses resultados evidenciaram diferenças significativas entre os grupos (dados não exibidos, P = 0,002 pelo teste do qui-quadrado).

Imagem 1: Fotografias representativas dos pacientes no início e após 24 semanas de tratamento com PSO. Imagem retirada de Cho et al., (2014).

Conclusão

Ao longo de 24 semanas, a suplementação de PSO apresentou um efeito positivo de estímulo ao crescimento capilar, atribuído esses à inibição da 5 α-redutase em pacientes com AGA leve a moderado. No entanto, o estudo identificou algumas limitações, como a ausência de confirmação histológica do mecanismo de ação do PSO, o que impossibilitou uma explicação definitiva sobre como a substância age nos pacientes.

Embora o estudo sugira que o PSO pode beneficiar a AGA, considerando-se como um potencial alternativo terapêutico, é imprescindível a realização de futuras pesquisas para corroborar os resultados deste estudo.