Relatório de registro nacional sueco

Resultado da cirurgia de catarata em olhos com retinopatia diabética

Dificuldades intraoperatórias são quase duas vezes mais comuns

Autor/a: Lucas Ridderskär, Per Montan, Maria Kugelberg, Ingela Nilsson, et al.

Fuente: Outcome of cataract surgery in eyes with diabetic retinopathy: a Swedish national cataract register report

Resultado da cirurgia de catarata em olhos com retinopatia diabética: relatório do registro nacional de catarata da Suécia

Introdução

A cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais comum na Suécia e em todo o mundo, com cerca de 130.000 cirurgias por ano somente na Suécia (Behndig 2018). A taxa de olhos sem eventos adversos pós-operatórios graves é de aproximadamente 99,5% e o risco de complicações graves tem diminuído constantemente devido às novas técnicas (Stein et al. 2011).

O risco de complicações é relativamente baixo; no entanto, podem ocorrer complicações que ameacem a visão e o número de pacientes afetados é considerável devido aos altos volumes de cirurgia.

Idade avançada e fatores hereditários são os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de catarata. Globalmente, o gênero feminino está associado a uma maior prevalência de opacidades do cristalino e cegueira ou deficiência visual devido à catarata. Além disso, medicamentos como esteroides, bem como várias doenças oculares e sistêmicas, incluindo diabetes mellitus, estão associadas a um risco aumentado de catarata.

Em 2013, 382 milhões de pessoas em todo o mundo tiveram diagnóstico de diabetes, um número que deve aumentar para cerca de 592 milhões até 2035.

A prevalência de catarata é maior entre pacientes com diabetes e eles tendem a ser diagnosticados com catarata mais cedo.

Objetivo

Analisar se os pacientes com retinopatia diabética (RD) submetidos à cirurgia de catarata diferem no resultado de pacientes sem RD em termos de acuidade visual corrigida (AVC), desvio refrativo alvo, dificuldades intraoperatórias e risco de complicações.

Métodos

Um estudo baseado em registros do Registro Nacional de Catarata da Suécia (NCR) durante os anos de 2015-2017 que incluiu 358.040 procedimentos de catarata. Pacientes com outra patologia ocular além de catarata e RD foram omitidos da análise dos resultados.

Resultados

Retinopatia diabética foi relatada em 13.724 de todos os olhos (3,8%). A AVC pré-operatória foi significativamente pior em pacientes com RD do que em pacientes sem RD, 0,54 ± 0,33 em comparação com 0,40 ± 0,27 (logMAR, média ± DP, p <0,001).

O mesmo foi evidente para AVC pós-operatório, 0,15 ± 0,25 para pacientes DR versus 0,06 ± 0,13 (p <0,001).

A melhora em AVC foi ligeiramente melhor em RD do que em não-RD, −0,40 ± 0,32 (logMAR; média ± DP) versus −0,35 ± 0,27, p <0,001.

O erro absoluto de predição da biometria média foi de 0,42 ± 0,50 dioptrias (D) em DR e 0,43 ± 0,71 D em pacientes sem DR, p = 0,768.

Uma ou mais dificuldades intraoperatórias, incluindo dilatação mecânica da pupila, coloração capsular, ganchos na margem da capsulorexis ou anel de tensão capsular, tiveram um odds ratio (OR) ajustado de 1,75 (intervalo de confiança de 95% [IC]: 1,61-1,90, p < 0,001) em casos com RD versus sem RD e a taxa de rupturas capsulares posteriores (RCP) teve um OR ajustado de 1,76 (IC 95%: 1,40-2,20, p <0,001).

Conclusão

O estudo apoiou relatos anteriores de que pacientes com diabetes apresentam catarata mais cedo e que o resultado visual é semelhante em pacientes com ou sem RD. O desvio médio absoluto da refração alvo é o mesmo para os grupos DR e não DR, algo que não foi relatado anteriormente.

Mais importante, também mostramos que as dificuldades e complicações intra-operatórias são mais prevalentes nos olhos de DR, algo que sugere que pacientes com diabetes, ou pelo menos aqueles com retinopatia diabética, não devem ser operados por cirurgiões inexperientes. Pesquisas futuras devem investigar se diabéticos sem RD também correm o risco de uma cirurgia de catarata mais complicada.

Esses dados, bem como dados sobre potenciais fatores de confusão, como tabagismo e IMC, podem ser obtidos no Registro Nacional de Diabetes da Suécia. Um tópico interessante também seria se o tempo desde o diagnóstico de diabetes, a gravidade da doença medida por HbA1c e o tratamento DR anterior, todos relatados ao Registro Nacional de Diabetes da Suécia, afetam o resultado em relação às dificuldades intraoperatórias e pós-operatórias/ complicações.

Mensagens finais

Olhos com RD apresentam menor AVC pré e pós-operatório em comparação com olhos sem RD. Há pouca diferença na melhora da RCP e nenhuma diferença no erro médio absoluto de predição biométrica.

É importante ressaltar que as dificuldades intraoperatórias e os RCPs são quase duas vezes mais comuns em pacientes com RD, indicando claramente que esses pacientes devem ser tratados por cirurgiões experientes.