Introdução |
A retenção aguda de urina é caracterizada por uma incapacidade repentina e dolorosa de urinar, que requer descompressão imediata da bexiga. A incidência dessa condição em homens é de 2,2 a 8,8 por 1.000 homens por ano e aumenta substancialmente com a idade.
Estima-se que 10% dos homens em torno dos 70 anos e 30% dos em torno dos 80 anos desenvolverão retenção urinária aguda. A incidência em mulheres não foi bem examinada, mas foi estimada uma proporção de mulheres para homens de 1: 13,5.
Os mecanismos comuns que levam à retenção urinária aguda podem ser classificados como obstrutivos, infecciosos, inflamatórios, medicamentosos, neurológicos ou outros.
A causa mais comum em homens é a obstrução secundária à hiperplasia benigna da próstata, enquanto a falha do músculo detrusor é a causa mais comum entre as mulheres.
Embora a maioria das causas subjacentes sejam benignas, a retenção urinária aguda também é um sinal de apresentação do câncer de próstata, e algumas pesquisas indicam que também pode ser o sinal de apresentação de outros tumores urogenital, gastrointestinal e neurológico.
Esses cânceres podem causar retenção urinária aguda por meio de obstrução intrínseca (por exemplo, câncer de próstata, câncer de bexiga), obstrução extrínseca (por exemplo, uma massa pélvica ou abdominal comprimindo o colo da bexiga) ou interferência na função contrátil da bexiga ou da uretra. Foi sugerido que os cânceres causam retenção urinária aguda, no entanto, a evidência é limitada.
Os pesquisadores não encontraram estudos que estimaram o risco absoluto e relativo desses cânceres após um primeiro diagnóstico de retenção urinária aguda, exceto para o câncer de próstata.
Bengstesen et al. (2021) examinaram o risco de câncer urogenital, colorretal e neurológico entre os pacientes que ingressaram ao hospital relatando retenção urinária aguda com a população geral.
Objetivo |
Examinar o risco de câncer urogenital, colorretal e neurológico após o primeiro diagnóstico de retenção urinária aguda.
Desenho |
Estudo de coorte a nível nacional.
Configuração |
Todos os hospitais da Dinamarca.
Participantes |
Selecionaram 75.983 participantes de 50 anos ou mais que ingressaram ao hospital por retenção aguda urinária durante 1995-2017.
Principais medidas de resultados |
Risco absoluto de câncer urogenital, colorretal e neurológico e risco excessivo desses cânceres entre pacientes com retenção urinária aguda em comparação com a população em geral.
Resultados |
O risco absoluto de câncer de próstata após um primeiro diagnóstico de retenção urinária aguda foi de 5,1% (n = 3.198) em três meses, 6,7% (n = 4.233) em um ano e 8,5% (n = 5217) em cinco anos.
Dentro de três meses de acompanhamento, 218 casos de câncer de próstata em excesso foram detectados por 1000 pessoas-ano. Durante 3 a 12 meses de acompanhamento, detectaram um adicional de 21 casos por 1000 pessoas-ano, mas além de 12 meses o risco excessivo foi insignificante.
Dentro de três meses de acompanhamento, o risco excessivo de câncer do trato urinário foi de 56 por 1000 pessoas-ano, de câncer genital em mulheres foi de 24 por 1000 pessoas-ano, de câncer colorretal foi de 12 por 1000 pessoas-ano e o câncer neurológico foi 2 por 1000 pessoas-ano.
Para a maioria dos cânceres estudados, o risco excessivo foi limitado a três meses de acompanhamento, mas o risco de câncer de próstata e do trato urinário permaneceu aumentado durante três a menos de 12 meses de acompanhamento.
Nas mulheres, o risco excessivo de câncer invasivo de bexiga persistiu por vários anos.
Discussão |
No estudo de coorte populacional, os pesquisadores descobriram que um primeiro diagnóstico de retenção urinária aguda em pacientes com 50 anos ou mais foi um marcador clínico não apenas para câncer de próstata, mas também para outros cânceres urogenitais e câncer colorretal e neurológico.
O risco excessivo foi particularmente alto para câncer de próstata e bexiga em homens e câncer de bexiga e genital em mulheres.
Para a maioria dos cânceres, o risco excessivo foi limitado aos primeiros três meses após o diagnóstico de retenção urinária aguda. No entanto, um risco excessivo de câncer de próstata e câncer do trato urinário persistiu até um ano após o diagnóstico de retenção urinária aguda.
Conclusão
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