O sequestro ósseo espontâneo é uma entidade clínica rara, provavelmente subnotificada, que se desenvolve em locais de proeminência óssea, em pacientes que não apresentam nenhum fator conhecido que induz a osteonecrose (radioterapia, osteonecrose associada a drogas, trauma, anestesia intraóssea, infecções, etc.)
Começa com uma ulceração da mucosa que reveste a tábua lingual e a crista milo-hióidea da mandíbula e, menos frequentemente, no toro e exostoses.
Continua com a exposição óssea, que às vezes pode causar lesões na mucosa lingual devido ao atrito contínuo ao falar ou engolir saliva.
Os pacientes sentem dor ao engolir e às vezes pode irradiar para o ouvido. (Fig. 1 a 8)
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É comum o profissional indicar uma radiografia oclusal e panorâmica, que nem sempre mostra imagens que podem estar associadas à lesão. A sorologia de rotina não mostra alterações relacionadas a essa patologia.
É mais frequente em homens e sua evolução pode durar mais de um mês até a consulta do paciente.
O trauma, especialmente na crista milo-hióidea adjacente aos molares, envolvendo o periósteo subjacente, pode levar a um foco de necrose óssea isquêmica, força oclusal excessiva, ruptura vascular local, exposição secundária a queimadura química, juntamente com fatores predisponentes anatômicos locais e talvez outros sistêmicos, são mencionados como outras possíveis etiopatogenias neste tipo particular de lesão.
A ausência de molares ou restaurações que não substituam a inclinação normal, podem predispor a área a traumas repetidos.
O tratamento é conservador e todo o quadro se resolve rapidamente quando o sequestro é expulso espontaneamente ou removido pelo profissional.
Em geral, o osso necrótico é facilmente removido. Às vezes, ele está preso a um osso vital e precisa ser removido cirurgicamente.
Relatos de sequestro ósseo espontâneo na literatura permanecem escassos. Mais dados devem ser coletados para determinar a verdadeira incidência e importância desta entidade.
Apesar da raridade dessa condição, é importante relatar esses casos para compartilhar com os colegas as características de uma entidade com ausência de gravidade e bom prognóstico e evolução.
Autor: Dr. Eduardo Ceccotti
Membro Titular da Academia Nacional de Odontologia, Ex-Prof. Titular da Clínica Estomatológica. Universidade de Salvador. Ex-Chefe da Seção de Patologia Oral. Instituto de Estudos Oncológicos. Fundação Maissa da Academia Nacional de Medicina. Professor Autorizado em Clínica Estomatológica. Faculdade de Odontologia da UBA