Ao passo que o número de partos por cesariana aumenta no contexto global, é importante compreender quais são os efeitos disso a longo prazo no desenvolvimento de um indivíduo. Neste cenário, William Kenkel, professor assistente de ciências psicológicas e cerebrais da Universidade de Delaware, realizou estudo a fim de entender como diferentes experiências de nascimento, incluindo parto vaginal, casariana de emergência e programada afetam o desenvolvimento do sistema nervoso e se tais mudanças estão associadas com os hormônios que surgem durante o parto.

Ao olhar para a literatura, o pesquisador descobriu que a forma de nascimento pode ter efeito sobre a quantidade de hormônios de estresse liberados no momento do parto, sendo que o parto vaginal possui maior presença de hormônios de sinalização, seguido de cesariana de emergência e depois a agendada, com os níveis mais baixos.

Ele também aponta que quando os bebês nascem por cesariana, alguns desses sinais hormonais são interrompidos, ou, no caso dos procedimentos programados, não chegam nem a começar. Kenkel se pergunta se seria possível introduzir hormônios em crianças que podem não ter sido ativados por cesariana. O que não é uma ideia nova, visto que bebês prematuros frequentemente recebem cortisol para ajudar no amadurecimento dos pulmões. 

O pesquisador também aborda estudos anteriores que associam o parto cesária com desfechos negativos envolvendo a saúde de crianças. Nas revisões por pares, os autores encontraram desfechos como asma, obesidade e autismo, mostrando que a cesariana pode aumentar em até 55% o risco de uma criança aos 5 anos de idade desenvolver obesidade.

Por fim, Kenkel conclui que os achados podem incentivar novas colaborações entre a neurociência e obstetrícia, visto o interesse compartilhado por mecanismos hormonais e início da vida, mostrando novas direções a serem seguidas.