Gastroenterologia

Supercrescimento bacteriano e intolerância à lactose

Métodos diagnósticos da intolerância à lactose e do supercrescimento bacteriano do intestino delgado.

Autor/a: Ghafoor, Adil; Karunaratne, Tennekoon; Rao, Satish S.C.

Fuente: Bacterial overgrowth and lactose intolerance: how to best assess

Supercrescimento bacteriano

A disbiose do intestino delgado é cada vez mais reconhecida como uma causa comum de sintomas gastrointestinais e envolve várias infecções, como supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), supercrescimento fúngico do intestino delgado (SIFO) e supercrescimento metanogênico do intestino delgado (SIMO).

A SIBO é caracterizada pela presença de número excessivo de bactérias ou metanogênicos no intestino delgado causando sintomas gastrointestinais, como inchaço, distensão abdominal, flatulência, desconforto, diarreia, constipação e perda de peso.

Diagnóstico e tratramento do supercrescimento bacteriano

O diagnóstico de SIBO é realizado por meio do teste respiratório de hidrogênio/metano e/ou cultura de aspirado do intestino delgado. Para saber a diferença dos testes, leia a tabela 1.

Tabela 1. Testes diagnósticos para supercrescimento bacteriano no intestino delgado. (Adaptada de Ghafoor et al., 2022).

O tratamento da SIBO concentra-se na erradicação das bactérias no intestino delgado. Antibióticos de amplo espectro são o tratamento de primeira linha para SIBO, mas os sintomas podem reaparecer após o tratamento bem-sucedido. Outras terapias, como probióticos, dietas terapêuticas e fitoterápicos, têm sido usadas no manejo, embora faltem ensaios clínicos robustos para comprovar sua eficácia.

Intolerância à lactose

A prevalência de intolerância à lactose varia entre diferentes grupos étnicos e 65% dos humanos apresentam alguma diminuição na atividade da lactase após a infância.

A lactose é uma fração de açúcar dissacarídeo presente principalmente em produtos lácteos. A intolerância à lactose é uma síndrome clínica caracterizada por distensão abdominal, 

flatulência, diarreia e dor devido à má absorção de lactose e decorrente da deficiência da enzima Lactase-Florizina Hidrolase (LPH). Esta enzima quebra a lactose em D-glicose e D-galactose. Se não for absorvida, a lactose atinge o cólon, onde é fermentada por bactérias para produzir hidrogênio, metano e outros gases, que podem causar sintomas abdominais e a síndrome clínica observada na intolerância à lactose.

Nem todos os pacientes com deficiência de lactase desenvolvem sintomas e, portanto, a doença é influenciada por diversos fatores como a quantidade e a forma de consumo de lactose (leite x queijo) e grau de deficiência de lactase.

Diagnóstico e tratamento da intolerância à lactose

As modalidades de diagnósticos estão resumidas na tabela 2. Elas incluem teste de respiração de hidrogênio/metano com lactose, ensaio de lactase da mucosa duodenal/jejunal, teste genético e teste de tolerância à lactose. Devido à baixa sensibilidade e especificidade, o teste de tolerância à lactose não é mais utilizado. Além disso, o teste genético é mais definitivo em pacientes caucasianos quando se considera a deficiência primária de lactase.

Tabela 2. Testes diagnósticos recomendados para intolerância à lactose (Adaptada de Ghafoor et al., 2022).

O principal objetivo do tratamento é prevenir e tratar os sintomas digestivos. É necessária uma educação do paciente sobre a intolerância à lactose juntamente com a exclusão/redução alimentar de produtos que contenham lactose (por exemplo, leite de vaca e cabra, queijos etc.); muitos pacientes podem tolerar até 12-15 g de lactose por dia. A terapia de reposição da enzima lactase também pode ser útil.

Conclusão

Gás, inchaço, distensão, dor abdominal e diarreia são sintomas gastrointestinais comuns que podem permanecer inexplicados após endoscopia de rotina e exames de imagem. Por isso, esses pacientes devem ser avaliados para SIBO e /ou intolerâncias alimentares, como a de lactose.