Introdução |
A queda de cabelo de padrão feminino (FPHL, na sigla em inglês para female-pattern hair loss) é a forma mais comum de alopecia em mulheres. Um agente sistêmico chamado espironolactona é prescrito off-label para tratar essa condição, apesar de existirem poucas avaliações em relação à sua eficácia. Por esta razão, Burns e colaboradores (2020) realizaram um estudo para analisar a eficácia e a segurança deste fármaco, tanto como monoterapia quanto em associações para FPHL.
Métodos |
Para o estudo, foram analisados retrospectivamente os dados de mulheres adultas com FPHL que receberam prescrição de espironolactona entre março de 2015 e março de 2019. A dose média foi de 100 mg por dia (variando de 25 a 200 mg por dia), administrada por um mínimo de 6 meses. As pacientes que receberam tratamentos concomitantes para queda de cabelo foram divididas em dois grupos: aquelas que usavam minoxidil tópico ou um dispositivo de luz de baixa intensidade por mais de 6 meses, e aquelas que iniciaram o tratamento concomitante no momento do início da espironolactona.
A densidade capilar basal foi documentada de acordo com a escala de classificação de Sinclair (SS), por um dermatologista especialista em cabelos. Esses dados foram verificados por meio de fotografias padronizadas por um segundo médico durante a coleta de dados. As avaliações ocorreram em intervalos de 6 meses.
Resultados |
Foram analisados dados de 79 mulheres, com idade média de 50 anos, e quase metade delas pré-menopausadas. Todas as pacientes mantiveram ou melhoraram o escore inicial de Sinclair (SS), com uma alteração média global de 0,65 (conforme visto na Figura 1). A alteração absoluta no SS foi linearmente correlacionada com a gravidade da FPHL apresentada (coeficiente de correlação, R = 0,96). Notavelmente, essa melhoria foi independente do uso concomitante de terapias para queda de cabelo, contracepção ou estado de menopausa. Além disso, das 45 pacientes que usaram espironolactona por mais de 6 meses, 29 (64%) tiveram o melhor SS registrado após um ano ou mais de uso. No entanto, 26 pacientes (33%) relataram eventos adversos. No geral, 3,8% das pacientes descontinuaram o tratamento devido a eventos adversos, e 82% mantiveram ou aumentaram a dose do fármaco sem problemas.
Figura 1: Perda de cabelo de padrão feminino. Paciente recebendo monoterapia com espironolactona (A) no início do estudo e (B) 6 meses após o tratamento com 50 mg duas vezes ao dia. Imagem retirada de Burns et al., (2020).
Conclusão No estudo, pacientes com SS inicial de 2,5 ou superior apresentaram uma melhora quase completa, independentemente do uso de tratamentos concomitantes, estado de menopausa ou uso de contracepção hormonal. A eficácia da espironolactona também aumentou com a duração do tratamento, com dois terços das pacientes registrando a melhor pontuação após um ano ou mais de uso. As terapias atuais para a queda de cabelo feminina são limitadas, especialmente os agentes orais que facilitam o uso e a adesão. Sendo assim, o estudo adicionou evidências de que a espironolactona é uma opção eficaz e bem tolerada para o tratamento da FPHL, seja como monoterapia ou em combinação com outras terapias. |