Alerta para a saúde dos pacientes

As estatinas superaram os suplementos dietéticos na redução do LDL-C

As descobertas não apoiaram as alegações de saúde do colesterol feitas pelos fabricantes de suplementos

Introdução

Atualmente, os suplementos dietéticos somam vendas de quase 50 bilhões de dólares anuais nos Estados Unidos, e muitos são comercializados como alternativas naturais para proteção do coração e controle do colesterol. No entanto, faltam evidências de sua eficácia na redução do colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), principalmente quando comparados às estatinas. Por isso, Laffin e colaboradores (2023) compararam a eficácia de uma estatina de dose baixa com placebo e 6 suplementos comuns no impacto de biomarcadores lipídicos e inflamatórios.

Métodos

Realizou-se um ensaio clínico unicêntrico, prospectivo, randomizado e cego entre adultos sem histórico de doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA), com um nível de LDL-C de 70 a 189 mg/dL e um risco aumentado de 10 anos de DCVA. Os participantes foram randomizados para receber rosuvastatina 5 mg por dia, placebo, óleo de peixe, canela, alho, açafrão, esteróis vegetais ou arroz vermelho fermentado.

O desfecho primário foi a alteração percentual no LDL-C desde o início do estudo para rosuvastatina 5 mg por dia em comparação com placebo e cada suplemento após 28 dias. Foi avaliado de forma hierárquica com a rosuvastatina, primeiro em comparação com o placebo, e depois com cada suplemento em uma ordem pré-especificada usando análise de covariância.

Resultados

Um total de 190 participantes completaram o estudo, os quais tinham idade média de 64,4 ± 6,4 anos, 59% eram mulheres e 89% eram de raça branca não hispânica. Embora nenhum conhecesse doença cardiovascular clinicamente evidente pré-existente, a hipertensão estava presente em 42%, 3,5% eram fumantes atuais e 33% eram ex-fumantes. A média de LDL-C basal foi de 128,2 ± 23,4 mg/dL, a mediana de proteína C reativa de alta sensibilidade (hsCRP) foi de 1,4 mg/L (IQR: 0,7-3,2 mg/L), a média de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) foi de 58,7 ± 13,6 mg/dL, a média de colesterol total foi de 206,5 ± 27,4 mg/dL e a mediana de triglicerídeos séricos foi de 87,5 mg/dL (IQR: 63,0-117,0 mg/dL)

A redução percentual de LDL-C com rosuvastatina foi maior do que todos os suplementos e placebo (P <0,001). A diferença na redução do biomarcador com o fármaco em comparação com placebo foi de -35,2% (IC 95%: -41,3% a -29,1%; P < 0,001). Nenhum dos suplementos dietéticos demonstrou uma diminuição significativa nos níveis do LDL-C em comparação com o placebo.

Os pacientes randomizados para o grupo de dose baixa de estatina demonstraram uma redução percentual significativa no colesterol total em relação ao valor basal (-24,4%; IC 95%: -27,6% a -21,3%) em comparação com placebo e todos os suplementos (P < 0,001 para todas as comparações). Da mesma forma, foi observada redução significativa dos triglicerídeos séricos em relação ao valor basal para a rosuvastatina (-19,3%; IC 95%: -27,6% a -9,9%), que foi significativamente maior do que todos os comparadores (P <0,05 para todas as comparações). Nenhuma diferença no HDL-C foi observada; no entanto, os esteróis vegetais diminuíram o HDL-C quando comparados com a rosuvastatina (-7,5%; IC 95%: -13,3% a -1,6%; P = 0,01). As taxas de eventos adversos foram semelhantes entre os grupos de estudo.

Conclusão

Entre os indivíduos com risco aumentado de DCVA em 10 anos, a rosuvastatina 5 mg por dia reduziu o LDL-C significativamente mais do que o placebo, óleo de peixe, canela, alho, açafrão, esteróis vegetais e arroz vermelho fermentado.

Sendo assim, as descobertas não apoiaram as alegações de saúde do colesterol feitas pelos fabricantes de suplementos. Por isso, os pacientes devem ser informados sobre a falta de benefícios dos mesmos.