O diagnóstico de autismo em crianças nos Estados Unidos apresenta uma tendência crescente nos últimos anos. De acordo com um novo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), divulgado em março de 2023, 1 em cada 36 crianças de 8 anos foram diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso representa um aumento de 22% em relação ao dado anterior coletado em 2018, que foi de 1 a cada 44 crianças em 2021. Isso indica que o TEA está presente em 2,8% da população pediátrica.
O levantamento é realizado e atualizado a cada dois anos por uma rede de monitoramento e vigilância ativa que avalia dados de mais de 226 mil crianças americanas, de 11 regiões do país. Para chegar aos resultados, a equipe extraiu informações sobre o desenvolvimento dessas crianças nos registros de provedores de serviços de saúde e do sistema educacional da comunidade.
Segundo o relatório, a criança atendeu ao critério de definição de caso se no seu registro foi identificado:
- Uma avaliação com diagnóstico confirmado de TEA;
- Uma classificação de TEA por causa da necessidade de educação especial
- Uma classificação com base no CID (Classificação Internacional de Doenças) indicando TEA.
Ainda de acordo com o documento do CDC, a prevalência geral do transtorno foi de 27,6 para cada 1.000 crianças (1 em cada 36), sendo 3,8 vezes mais prevalente em meninos do que em meninas. A idade média do diagnóstico foi aos 49 meses (4 anos).
Aumento dos diagnósticos
Segundo os pesquisadores, a melhoria no processo de diagnóstico e triagem, bem como maior acesso serviços de saúde, podem ter resultado no aumento dos diagnósticos de autismo em crianças. No entanto, o estudo também indicou que a pandemia da COVID-19 interrompeu o diagnóstico de autismo em crianças, devido à ausência de serviços de assistência médica a infância e saúde durante a pandemia.
Figura 1: Número de diagnósticos de TEA. Fonte: CDC.
O relatório destaca que, pela primeira vez, o diagnóstico de TEA foi mais comum entre crianças asiáticas, negras e hispânicas do que entre crianças brancas. Os pesquisadores apontam a mudança pode refletir uma melhor triagem, conscientização e acesso a serviços de saúde entre grupos que historicamente careciam dos serviços.
Por fim, o relatório destacou a importância do diagnóstico precoce e ofereceu sugestões para provedores de serviços, organizações de saúde e sistemas escolares. O seu intuito foi fomentar o planejamento de serviços de suporte para pessoas com autismo e suas famílias.