Introdução |
O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um dos transtornos de ansiedade mais comuns em adultos.1 O TAG é caracterizado por preocupação excessiva, pervasiva e de difícil controle,2 além da presença de sintomas psíquicos (dificuldade de concentração, agitação, irritabilidade, tensão) e somáticos.3,4
O tratamento farmacológico de primeira linha para o TAG inclui inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da recaptação de noradrenalina e serotonina (IRNS) e pregabalina.5 A duloxetina é um IRNS eficaz e bem tolerado para o seu tratamento. Diversos estudos clínicos controlados foram realizados para avaliar sua eficácia na melhora dos sintomas psíquicos e somáticos, além de sua tolerabilidade.1 O objetivo dos autores foi realizar uma metanálise para avaliar a eficácia e tolerabilidade da duloxetina no tratamento em curto prazo do TAG em adultos, para facilitar a escolha terapêutica.1
Métodos |
Foi realizada uma busca por estudos clínicos randomizados e controlados publicados até outubro de 2017 e que incluíram adultos com diagnóstico de TAG e que fizeram uso de duloxetina ou duloxetina mais antipsicótico por até seis meses.1
O desfecho primário foi a alteração média da subescala de ansiedade da Escala de Ansiedade Depressão Hospitalar. O desfecho secundário foi a alteração das pontuações de fatores psíquicos e somáticos da Escala de Ansiedade de Hamilton, além das taxas de resposta (redução ≥ 50% da pontuação HAM-A) e remissão (pontuação HAM-A ≤ 7).1 A tolerabilidade foi avaliada pela incidência de eventos adversos (EA) e EAs emergentes com o tratamento.1
Resultados |
Foram incluídos seis estudos com oito estudos clínicos randomizados, realizados entre 2007 e 2014, com um total de 2.399 pacientes adultos com TAG moderado, definidos como subescala de ansiedade ≥ 10. Destes 1.161 receberam duloxetina (doses variando de 20 mg/dia a 120 mg/dia) e 1.238 receberam placebo. A duração dos estudos variou de 9 a 15 semanas.1
Não houve diferenças na pontuação basal da subescala de ansiedade HADS entre os grupos duloxetina e placebo (p = 0,75), assim como na pontuação basal do fator psíquico ou somático (p = 0,81 e p = 0,48, respectivamente).1 A melhora da subescala de ansiedade HADS foi significativamente melhor no grupo duloxetina do que no grupo placebo (diferença média: 2,32; p < 0,00001).1
Houve melhora significativa da pontuação do fator psíquico da escala HAM-A no grupo duloxetina, em comparação ao grupo placebo (diferença média: 2,15; p < 0,00001), porém não houve diferenças significativas no fator somático (diferença média: 1,13; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,67 ± 1,58).1
As taxas de resposta e remissão foram significativamente maiores no grupo duloxetina do que no grupo placebo:1
• Resposta: odds ratio (OR): 2,22; IC 95%: 1,88 ± 2,62; p < 0,00001.
• Remissão: OR: 1,99; IC 95%: 1,66 ± 2,39; p < 0,00001
Em relação a tolerabilidade, observou-se incidência de qualquer evento adverso (AE) maior no grupo duloxetina em relação ao grupo placebo (OR: 1,76; p < 0,0001), porém não houve diferenças entre os grupos na incidência de EAs graves (p = 0,75).1
Náuseas, constipação, boca seca, tontura e sonolência foram significativamente mais comuns com a duloxetina. Em relação ao ganho de peso, um estudo relatou perda de peso no grupo duloxetina, enquanto outros dois não relataram diferenças entre duloxetina e placebo.1
Conclusão |
A presente metanálise demonstrou que a duloxetina é eficaz no tratamento em curto prazo do TAG. O uso da duloxetina se associa a melhora dos sintomas psíquicos de ansiedade e apresenta boa tolerabilidade.