Brasil

Anvisa aprova tratamento para câncer de mama triplo negativo

Esse subtipo é o mais agressivo, que apresenta mais chance de recorrência, menor sobrevida e menos alternativas de tratamento.

O carcinoma invasivo de mama subtipo triplo negativo não expressa receptores hormonais ou proteína Her-2 na superfície de suas células. Dentre os 66.280 novos casos de câncer de mama em 2021 no brasil, 20% são considerados triplo negativo de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Esse subtipo é o mais agressivo, que apresenta mais chance de recorrência, menor sobrevida e menos alternativas de tratamento.

Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, apelidado de Keynote-522, demonstrou que a taxa de resposta completa foi de 63% no braço pembrolizumabe e 56% no braço placebo (p<0,001), e o benefício foi consistente entre os diferentes subgrupos analisados, incluindo os subgrupos estratificados de acordo com a expressão de PDL-1. Adicionalmente, o tratamento com pembrolizumabe reduziu em 37% o risco de eventos (HR=0,63; IC de 95%: 0,48-0,82; p<0,001), desfecho que inclui progressão de doença, recidiva local ou à distância, segundo tumor primário ou morte por qualquer causa. Houve também uma tendência a benefício em sobrevida global em favor do braço pembrolizumabe (HR=0,72; IC de 95%: 0,51-1,02). Na avaliação de segurança, a taxa de eventos adversos relacionadas ao tratamento de graus ≥ 3 foi de 77,1% no braço pembrolizumabe e 73,3% no braço placebo, e a taxa de eventos adversos imuno-mediados foi de 33,5% e 11,3% nos mesmos braços, respectivamente.

Da mesma forma, o estudo Keynote-355 avaliou pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático e demonstrou que o uso de pembrolizumabe associado a paclitaxel e carboplatina melhorou significativa e clinicamente a sobrevida dos pacientes e reduziu o risco de morte em 27% para pacientes que expressaram PD-L1.

O pembrolizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado que aumenta a capacidade do sistema imunológico de combater as células tumorais. Para se proliferar, o câncer utiliza mecanismos de evasão do sistema imunológico, inativando os linfócitos T. Por meio do bloqueio da interação entre PD-1 e seus ligantes, o pembrolizumabe impede a inativação dessas células, potencializando a resposta anti-tumoral.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou as indicações do imunoterápico pembrolizumabe nos estágios inicial e avançado. A aprovação da imunoterapia amplia as possibilidades de cuidados e aumenta a sobrevida das pacientes.