Revisão integrativa

Automedicação entre gestantes do brasil

Através de uma análise, evidenciou-se que a automedicação é uma conduta presente e perigosa entre as gestantes do Brasil

Autor/a: Silva et al. 2021

Fuente: Brazilian Journal of Health Review Automedicação entre gestantes do Brasil: revisão integrativa

Introdução

O hábito de automedicação é frequentemente visto como uma forma de autocuidado com a saúde. No entanto, esse comportamento pode acarretar diversos riscos, como interações medicamentosas, intoxicações, mascaramento de doenças e até morte, sendo, portanto, considerado um importante problema de saúde pública mundial.

A preocupação é ainda maior na gravidez, pois os riscos são duplicados e as substâncias podem atravessar a membrana placentária. No Brasil, a automedicação tem sido investigada em vários estados. Com isso em mente, Silva e colaboradores (2021) conduziram uma pesquisa para sintetizar os conhecimentos disponíveis sobre essa prática entre gestantes no Brasil.

Métodos

Para a revisão integrativa, foi realizada uma busca nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF).

A pesquisa foi conduzida por dois pesquisadores em dezembro de 2019, utilizando os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) com o operador booleano “AND”: (automedicação AND gestantes) e (“uso de medicamentos” AND gravidez).

Os critérios de elegibilidade incluíram artigos completos, gratuitos, em português, inglês ou espanhol, publicados nos últimos dez anos e que respondessem à pergunta de pesquisa. Foram excluídos relatos de experiência, reflexões, teses, dissertações e artigos repetidos nas bases consultadas, considerando-se apenas uma vez para análise. Inicialmente, foram encontrados 211 artigos. Após a aplicação dos filtros, 11 foram incluídos na revisão.

Resultados

Entre os medicamentos mais utilizados por mulheres grávidas na automedicação, os analgésicos (especialmente paracetamol) e os anti-inflamatórios destacaram-se como as classes terapêuticas mais consumidas. Alguns estudos também indicaram o consumo de plantas medicinais, com a erva-cidreira (Lippia alba), erva-doce (Pimpinella anisum L.) e hortelã (Mentha piperita L.) sendo as mais populares.

Além disso, Silva e colaboradores (2021) demonstraram que orientações sobre as contraindicações de medicamentos e plantas medicinais durante o pré-natal influenciaram na redução da automedicação pelas gestantes, devido ao conhecimento sobre os efeitos adversos que esses produtos podem causar no feto.

Discussão

A automedicação foi observada entre mulheres brasileiras durante a gravidez, variando de 1,1% a 64,9%, em comparação com prevalências internacionais de 2,2% a 72,4%. Mesmo que ocorra em uma minoria das gestantes, essa prática deve ser desencorajada, pois expõe o bebê a efeitos farmacológicos e/ou teratogênicos dos medicamentos, podendo resultar em desfechos graves como anomalias congênitas, abortos e partos prematuros.

Além disso, muitas gestantes, ao serem informadas sobre os riscos do consumo de medicamentos, optaram por plantas medicinais, acreditando que, por serem naturais, não causam danos ao bebê. No entanto, pesquisadores alertaram que algumas podem ser ainda mais perigosas que os medicamentos.

Portanto, destacou-se a importância da equipe de saúde, especialmente dos enfermeiros e farmacêuticos, em minimizar as consequências do uso de medicamentos e plantas medicinais durante a gravidez. A revisão indicou que as orientações sobre os efeitos adversos desses produtos podem reduzir a automedicação.

Conclusão

O estudo revelou a prática de automedicação entre mulheres brasileiras durante a gravidez. O paracetamol foi o medicamento mais consumido sem prescrição, enquanto as plantas medicinais mais utilizadas foram a erva-cidreira, erva-doce e hortelã.

Por fim, destacou a necessidade das equipes de saúde orientarem sobre os efeitos adversos dos medicamentos por meio de práticas integrativas e complementares e ações educativas para prevenir a automedicação.